A partir de um levantamento teórico inédito, pesquisadores revelam que para superarem a lacuna do bem-estar financeiro que ainda existe entre os gêneros, as mulheres precisam superar desafios de ordem pessoal, familiar e social.
Essa conclusão foi possível após a análise de 130 artigos publicados em todo o mundo em periódicos revisados por pares de 1990 a 2020, que demonstram os diferentes níveis em que é necessário que existam mudanças para que as mulheres possam ter uma melhor condição de vida financeira.
Em uma perspectiva individual, os desafios enfrentados por elas incluem tanto fatores psicológicos quanto situações sócio-demográficas, como idade, raça, etnia, educação e renda.
Já os elementos da vida familiar que têm impactos no bem estar financeiro feminino incluem a maternidade, o cuidado com as crianças e com a família, além de potenciais episódios de violência doméstica.
Na esfera comunitária e social, os desafios têm relação com as trajetórias de trabalho e carreira que as mulheres conseguem trilhar, além de características do sistema político e elementos culturais dos locais onde vivem, o que afeta a posse de ativos, o acesso a serviços, bem como as consequências econômicas derivadas de episódios de violência sexual.
“Pequenas desvantagens que as mulheres enfrentam por toda a sua vida, como carreiras profissionais irregulares, introdução tardia aos conhecimentos financeiros e disparidades de renda no mercado de trabalho, além de carreiras descontinuadas devido à sua função primária de cuidadoras da familia e do lar, são fatores que se acumulam e acabam reduzindo o bem estar financeiro das mulheres”, alertam os autores do estudo, publicado no International Journal of Consumer Studies.
Os pesquisadores também ressaltam que fatores institucionais, como licença parental e regimes de aposentadoria, também tem papel relevante e impactam o bem-estar financeiro feminino.
Para alterar essas dinâmicas, os autores sugerem que as políticas públicas, práticas do mercado financeiro e até iniciativas de empoderamento e educação financeira das mulheres possam se pautar mais no conhecimento produzido acerca dos elementos que afetam a vida financeira feminina no mundo todo, de forma a conseguir reduzir as desigualdades de gênero.
Afinal, como mostra a pesquisa, o bem-estar financeiro das mulheres só poderá surgir a partir de atitudes que modifiquem os vários fatores que as afetam neste sentido, seja nas relações que elas tem consigo mesmas (individuais), suas relações próximas (nível familiar) e no ambiente mais amplo por onde circulam (comunitário e social).
Confira o estudo na íntegra no International Journal of Consumer Studies.