As quebradeiras de coco babaçu são uma comunidade tradicional da Amazônia Oriental cujos modos de vida e geração de renda dependem diretamente do uso sustentável dos bens naturais. Sua atuação é exemplo de atividade econômica baseada na conservação da biodiversidade, pois a identidade social e cultural das quebradeiras está diretamente vinculada ao ecossistema e às espécies nativas da região.
Em artigo publicado na revista “Business Strategy and the Environment”, os professores da FGV EAESP José Puppim de Oliveira e Umesh Mukhi e colaboradores realizam estudo de caso sobre a organização comunitária das quebradeiras de coco babaçu através da análise de documentos, grupos focais e entrevistas com mulheres do Lago do Junco, Maranhão.
Para elas, o coco babaçu é uma oportunidade de negócios sustentável. Entre as inúmeras possibilidades de aproveitamento da espécie, as amêndoas do coco babaçu têm potencial de uso na indústria cosmética. O insumo desperta crescente interesse na cadeia global de valor diante da demanda internacional por produtos originados de relações de comércio justo.
Coco babaçu alia produção sustentável das comunidades amazônicas e responsabilidade social das empresas
A cooperativa de produtoras da comunidade de Lago do Junco comercializa as amêndoas do coco babaçu à empresa internacional The Body Shop desde 1994. Como o combate à pobreza é uma das políticas das relações mantidas pela companhia em sua cadeia global de valor, The Body Shop também realiza investimentos sociais e em infraestrutura na comunidade.
Os autores frisam que a Convenção da Diversidade Biológica, firmada em 1992, reconhece a contribuição dos povos indígenas e comunidades locais na conservação do ambiente natural. Neste sentido, governos, mercado e organizações não-governamentais devem se aliar às soluções em sustentabilidade vindas das organizações comunitárias. Estas, por sua vez, podem criar cooperativas e buscar recursos para aliar o conhecimento tradicional sobre a biodiversidade à geração de renda para a população.