Diante dos riscos associados às mudanças climáticas, tomadores de decisão e executores de políticas públicas da América Latina e Caribe devem estabelecer um círculo virtuoso em que políticas de bem-estar social acolham a população mais vulnerável da região e promovam a superação das desigualdades sociais. Artigo de autoria da pesquisadora da FGV EAESP Cyntia Vilasboas Calixto Casnici e parceiros de universidades estrangeiras publicado na revista “Futures” apresenta prioridades de stakeholders de sete países da região para a adaptação às mudanças climáticas em longo prazo.
Para a coleta de dados, os autores realizaram grupos focais virtuais com 269 pessoas de Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Jamaica, México e Peru entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021. Os participantes da pesquisa, ligados à academia, ao mercado, ao governo ou à sociedade civil, responderam sobre quais consideravam os melhores e piores cenários futuros para seus países na perspectiva da sustentabilidade. Com base nas respostas, os pesquisadores construíram quatro cenários futuros de resiliência às mudanças climáticas na região.
Resiliência climática reúne prosperidade socioeconômica e soluções baseadas na natureza
No cenário mais positivo, a resiliência climática está associada à prosperidade socioeconômica e ao acesso de todos os cidadãos à educação e à tecnologia com vistas a incentivar inovações e soluções baseadas na natureza. A administração pública estabeleceria regulações e incentivo para atividades sustentáveis, atuando com base na ciência. O setor privado apostaria na produção e no consumo limpos, na economia circular e na agricultura regenerativa. A sociedade seria permeada pela consciência climática e pela cultura de participação e cooperação para a sustentabilidade.
Já no cenário negativo, os países não têm resiliência às mudanças climáticas ou competitividade socioeconômica. As políticas públicas seriam marcadas pela concentração de poder, pela instabilidade e pela corrupção e o setor privado, pela dependência da extração e recursos naturais, sobretudo combustíveis fósseis e minérios. Tal cenário acarretaria concentração de riqueza e altas taxas de desemprego, e prejudicaria, simultaneamente, o desenvolvimento nacional e o meio ambiente.