Cursos online alcançam um público diversificado e garantem acessibilidade a estudantes que moram longe dos grandes centros. No entanto, a carga de trabalho do professor pode aumentar na medida em que devem participar da venda dos cursos, responder rapidamente às dúvidas dos alunos e desenvolver novas habilidades técnicas, como gravação e edição de vídeos. Os apontamentos são de pesquisadores da FGV EAESP Vanessa Martins dos Santos, Adrian Kemmer Cernev, Guilherme Saraiva e Adriano Gonçalves Bidá em artigo publicado na “Revista de Gestão”.
Os autores realizaram entrevistas em profundidade com dez professores brasileiros que publicam conteúdos em plataformas digitais, como os cursos online abertos massivos (MOOC). A coleta de dados ocorreu em agosto de 2020. Os profissionais consultados atuam em instituições de ensino tradicionais, como faculdades, e são remunerados com percentual de receita obtida com a venda dos cursos.
Seis professores destacaram que o modelo de negócios incentivado pelos cursos online traz retorno financeiro positivo, pois o investimento inicial para realizar as gravações das aulas é baixo. Enquanto alguns entrevistados elogiam a autonomia para a criação do conteúdo e a possibilidade de criar uma marca pessoal através da divulgação dos cursos, outros destacam como negativo o envolvimento do professor com atividades de marketing e comerciais para venda do produto.
Os entrevistados ressaltam as oportunidades de crescimento do mercado de cursos online a partir da pandemia. Com isto, é reforçada a necessidade de formar esses profissionais para práticas de empreendedorismo e gestão para aprimorar as estratégias de venda. O desenvolvimento de metodologias para garantir aulas mais dinâmicas e divertidas, com engajamento dos alunos, também é uma demanda dos professores consultados pelo estudo.