A convivência familiar e a participação mais ativa na vida dos filhos estão entre os principais fatores de qualidade de vida relacionados ao teletrabalho, segundo mulheres que trabalham na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É o que aponta artigo com coautoria do pesquisador da FGV EAESP Anderson de Souza Sant’Anna publicado na revista “Cadernos EBAPE.BR”.
Os autores realizaram revisão de literatura sobre o tema e entrevistas com nove servidoras da Anvisa que atuam na Gerência Geral de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados. À época da coleta dos dados, em 2020, a equipe contava com 37 mulheres em regime de teletrabalho. As entrevistas foram realizadas antes e durante a pandemia de Covid-19.
Apesar de relatarem aumento das demandas, as respondentes citam a flexibilidade de horários como ponto positivo do regime. A organização pessoal é mais viável para mulheres que contam com rede de apoio para conciliar as demandas profissionais, familiares e domésticas. Não perder tempo e dinheiro com deslocamento, vestuário e alimentação fora de casa são outras melhorias na qualidade de vida citadas pelas entrevistadas. Por outro lado, elas precisaram investir na adequação do ambiente doméstico ao teletrabalho.
Isolamento e falta de convivência com colegas são fatores negativos do teletrabalho para mulheres
Segundo os autores, a bibliografia aponta o isolamento social como uma das principais consequências negativas do teletrabalho. Para algumas respondentes, especialmente as que têm demandas com filhos, o teletrabalho não interferiu nas relações interpessoais. Outras, porém, relataram sentir falta do convívio com os colegas.
Durante a pandemia, os maiores obstáculos para as mulheres consultadas foram a desmotivação e a instabilidade emocional provocada pelas mudanças na rotina, principalmente para as que são responsáveis pelo cuidado de outros membros da família. “Com o home office, o trabalho foi impactado pela coexistência dos domínios familiares e profissionais não apenas do lar da entrevistada, mas também daqueles ao redor. Tudo se intercalou, comprometendo a concentração”, completam os autores.