A Economia Circular (EC) emerge como uma solução inovadora frente aos sistemas industriais tradicionais, que seguem um modelo linear de “extrair, produzir, descartar”. Este modelo gera grandes quantidades de resíduos e é insustentável a longo prazo. A EC, por outro lado, busca “fechar o ciclo”, eliminando o desperdício através do redesenho de produtos e processos para reutilizar e reciclar ao máximo. Nesse contexto, a Gestão de Suprimentos (GS) para acelerar a mudança dos sistemas industriais lineares para a estratégia de economia circular. Um exemplo marcante desse processo de transição pode ser observado na Unilever, uma das líderes globais em sustentabilidade.
Assim, o pesquisador da FGV EAESP, Marcelo Scarcelli, junto com Fabio Pollice, publicaram um artigo no livro “A Systemic Transition to Circular Economy” uma pesquisa que se concentra na análise de iniciativas de sustentabilidade da Unilever, especialmente no Brasil, onde a empresa tem implementado práticas inovadoras de EC. O estudo envolve a revisão de estratégias de GS, com ênfase na criação de novos ecossistemas de fornecedores. Também aborda o desenvolvimento de soluções para o uso de resina pós-consumo (PCR). Por fim, a metodologia inclui a análise de parcerias com fornecedores não tradicionais, startups, cooperativas e agricultores, além de entrevistas com stakeholders da Unilever.
O papel da gestão de suprimentos na transição para a estratégia de Economia Circular
A Unilever tem sido uma pioneira na adoção da EC, separando seu crescimento econômico do impacto ambiental negativo. Um exemplo dessa mudança é o “Unilever Sustainable Living Plan”, lançado em 2010, que visa reduzir pela metade a pegada ambiental dos produtos da empresa. Ademais, no Brasil, a empresa liderou o desenvolvimento de um ecossistema inovador para a produção de resina PCR. Dessa maneira, a empresa envolveu desde a coleta automatizada de resíduos plásticos até parcerias com cooperativas e startups.
Outro aspecto importante é o abastecimento sustentável, especialmente no que diz respeito a óleos derivados de palma, soja e canola, que são essenciais para muitas marcas da Unilever. A GS da Unilever trabalhou com agricultores locais e ONGs para elevar os padrões sociais e ambientais, resultando na certificação de mais de 40 agricultores pela Mesa Redonda sobre Soja Responsável. Logo, esse esforço não só garante a sustentabilidade dos recursos naturais, mas também promove práticas agrícolas regenerativas.
O estudo aponta como a transição para a EC exige uma profunda transformação na maneira como as cadeias de suprimentos são geridas. As práticas tradicionais de GS, focadas em custo, qualidade e serviço, precisam evoluir para incorporar novos critérios, como a origem sustentável dos materiais e a minimização do impacto ambiental. Além disso, a colaboração com novos tipos de fornecedores e o uso de tecnologias avançadas são essenciais para criar um modelo regenerativo e circular.
Portanto, essa abordagem integrada demonstra que a EC não é apenas uma moda passageira, mas uma estratégia vital para garantir a sustentabilidade a longo prazo. Ao adotar práticas circulares, empresas como a Unilever não só reduzem seu impacto ambiental, mas também criam valor econômico e fortalecem suas cadeias de suprimentos.
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