A confiança em sistemas de segurança da informação (TinIS) tornou-se um dos principais focos das empresas federais, especialmente com a tecnologia Zero Trust (ZT). Essa abordagem de segurança cibernética elimina a distinção entre redes internas e externas, tratando todas as conexões como potenciais ameaças. Embora ZT represente uma inovação promissora no cenário de governança, suas implicações em termos de propriedade intelectual (PI) e eficácia na segurança cibernética ainda exigem uma análise mais aprofundada.
O estudo de Fernando de Souza Meirelles (FGV EAESP), Angélica Pigola, Priscila Rezende da Costa e Geciane Porto publicado na revista World Patent Information analisou em que nível a Propriedade Intelectual da tecnologia Zero Trust afeta a governança das empresas federais. O estudo utilizou dados da Derwent Innovation (Clarivate Analytics) e estatísticas de propriedade intelectual da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO). Foram analisadas quase 1,3 mil patentes estratégicas de ZT de empresas de TI e não-TI. Os pesquisadores compararam com indicadores de governança federal, como eficácia do governo, qualidade regulatória e e-participação.
Os resultados revelaram que as patentes estratégicas de Zero Trust contribuem com a eficácia governamental e a qualidade regulatória.
Isso se dá porque essas patentes estratégicas ajudam a criar uma base sólida de segurança digital. Contudo, o estudo também aponta que, embora as patentes em ZT melhorem esses aspectos da governança, portfólios diversificados de PI não necessariamente aumentam os impactos positivos de forma automática. Para empresas federais, isso significa que a simples diversificação tecnológica não garante uma segurança mais robusta. É necessária uma estratégia com maior direcionamento para maximizar os benefícios de segurança cibernética que a PI de ZT pode oferecer.
Além disso, o estudo não apresentou efeito significativo sobre a participação eletrônica dos usuários (e-participação). Isso sugere que, embora essas patentes estratégicas ajudem a melhorar aspectos críticos da governança, ela ainda enfrenta barreiras para promover a participação digital dos cidadãos.
A pesquisa levanta a importância de um portfólio tecnológico coerente com os princípios de ZT, mas também destaca que a adoção dessas tecnologias enfrenta desafios. Restrições orçamentárias e conflitos com regulamentações específicas são obstáculos importantes para empresas federais que buscam implementar essas inovações. Apesar disso, as patentes de tecnologia Zero Trust podem funcionar como um ativo estratégico, contribuindo para a preparação das empresas contra ameaças cibernéticas. Isso pode fortalecer a confiança pública na segurança digital.
A governança federal, portanto, precisa reavaliar seu investimento em tecnologias de Zero Trust e garantir que acompanhem uma estratégia clara e bem definida para maximizar os benefícios de segurança da informação e confiança digital.
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