Muito se fala sobre economia circular e inovação, e as startups podem fazer parte desse circuito, segundo dados de uma pesquisa realizada por pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), em parceria com pesquisadores de outras instituições e apresentada no XXIV Seminários de Administração (SemeAD 2021). Ela revela que as startups se apresentam como modelos de negócios resilientes com potencial de mudar o mercado no qual atuam ao alterar a perspectiva de produção, uso e descarte de produtos.
A pesquisa analisou 51 entrevistas semi-estruturadas realizadas com proprietários e gestores de startups (a partir da base de dados da ABStartups). Os resultados mostram que, ao internalizar de forma ágil e eficiente as inovações disruptivas, as startups demonstraram um notável interesse em otimizar o valor recuperável dos recursos e direcionar o fluxo de materiais, componentes e produtos para reprocessamento.
“De modo geral, nas startups investigadas, as inovações disruptivas suportam os modelos de negócios e práticas circulares. Neste estudo, mapeamos diversas iniciativas positivas plenamente alinhadas às boas práticas sustentáveis e às diretrizes de governança sustentável globais”, detalha Simone Sehnem, uma das autoras do estudo.
Os modelos de negócio são fundamentais não só para as startups, mas para todos os tipos de empresa, já que especificam as formas como as companhias são capazes de criar, entregar e capturar valor. Eles podem ser lineares, quando entre o início e o fim do processo são gerados resíduos, ou ter práticas circulares, quando os resíduos são reutilizados ou reaproveitados, seja pela própria companhia ou por parceiras incluídas no processo.
O estudo ressalta que ainda existem oportunidades para avanços, especialmente no sentido de adotar plenamente as iniciativas de inovação e economia circular identificadas. “Esse tipo de conhecimento é importante porque ajuda a operacionalizar a transição da gestão de modelos lineares de produção para modelos circulares”, comenta a pesquisadora Susana Pereira, da FGV EAESP, que também assina a pesquisa.
De maneira geral, a percepção dos pesquisadores é que a geração de novas soluções digitais e circulares para negócios emergentes como as startups pode contribuir para o surgimento, nos próximos anos, de novos unicórnios (startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares).