Um levantamento recente, conduzido por especialistas em economia e finanças do FGVcef (Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas), revelou que os brasileiros, de todas as faixas de renda, estão expostos aos impactos das variações cambiais no seu padrão de consumo. Isso torna essencial a diversificação internacional de investimentos para preservar o poder de compra.
Segundo a pesquisa “Impacto Cambial no Consumo dos Brasileiros e a Necessidade de Diversificação Internacional”, o impacto do câmbio sobre a cesta de consumo dos brasileiros varia de 16% a 18% a depender da faixa de renda. Entre as razões o fato de que as importações brasileiras representam 10% do PIB do país, e esses 10% dependem integralmente do câmbio.
O estudo revela ainda o impacto no IPCA. A depender da faixa de renda vai de 11% (faixa de renda mais elevada) a 14% (faixa de renda mais baixa). Há também gastos no exterior que afetam as faixas mais elevadas de renda, com um impacto da ordem de 2.65% do seu consumo. Por fim, temos a volatilidade do câmbio, que precisa de neutralização, impactando todas as faixas de renda em um valor próximo de 3%.
De acordo com o material, as taxas de inflação impactam o consumo em diferentes segmentos. No setor de alimentos e bebidas, por exemplo, as famílias de baixa renda são afetadas em 37%. Já as famílias de média e alta renda sofrem com índices de 20,9% e 13,1%, respectivamente. Já no ramo da habitação, o impacto é de 21,9% para baixa renda, 16,2% para média e 9% para alta. Os dados contrariam a perspectiva de que apenas indivíduos ricos ficam expostos à variação cambial e evidenciam que, inclusive, muitas vezes são as classes D e E que sofrem mais com essa instabilidade.
Percentuais recomendados para proteção cambial
Claudia Emiko Yoshinaga, Francisco Henrique Figueiredo, Ricardo Ratner Rochman e William Eid Junior, autores do estudo, defendem que uma diversificação internacional adequada é crucial para mitigar esses riscos e proteger o poder de compra dos brasileiros. Assim, recomendam que, para neutralizar os efeitos das variações cambiais, os brasileiros devem ter, no mínimo, 16% de seus portfólios aplicados em ativos no exterior. Para famílias de maior renda, o percentual sugerido é de 18%. Isso apenas para proteger o consumo. Mas há mais vantagens na diversificação internacional, que elevam o percentual que as famílias devem ter em investimentos no exterior.
A importância da diversificação internacional
O levantamento garante que a diversificação internacional protege contra a volatilidade cambial. Mas além disso, oferece aos investidores brasileiros a oportunidade de acessar mercados e setores não disponíveis na bolsa de valores local. Por exemplo, tecnologia e biotecnologia, que têm apresentado crescimento significativo em bolsas internacionais, são mal representados no Brasil. Isso limita as opções de ativos de alto retorno disponíveis aos investidores locais.
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