Com a globalização e os avanços tecnológicos, as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) têm acessado os mercados externos de forma cada vez mais rápida. Essas empresas começam a atuar em mercados internacionais logo após sua fundação, buscando vantagens como maior competitividade e novos fluxos de receita. Isso é chamado de internacionalização precoce. No entanto, a rapidez com que elas se adaptam aos desafios globais depende de fatores estratégicos, como inovação, redes internacionais e uma orientação empreendedora sólida.
O estudo de Jorge Carneiro (FGV EAESP), Edgar Nave e João Ferreira (Universidade da Beira Interior, Portugal), utilizou dados de 171 PMEs de Portugal, dentre elas empresas de internacionalização precoce (EIFs) e exportadoras tardias. Publicado na Journal of International Management, o trabalho aplicou modelos de regressão logística para examinar como dimensões da orientação empreendedora internacional (IEO) e redes internacionais (INO) afetam o acesso rápido a mercados externos.
Existem cinco dimensões da Orientação Empreendedora Internacional. São elas: proatividade, inovação, tomada de risco, agressividade competitiva e autonomia.
Os resultados destacaram que inovação, autonomia e agressividade competitiva são fatores-chave para a internacionalização precoce.
Portanto, empresas que promovem uma cultura interna inovadora e conferem maiores níveis de autonomia aos seus colaboradores, estão em melhor posição de introduzir produtos adaptados às demandas globais e explorar oportunidades internacionais durante os seus primeiros três anos de vida. A agressividade competitiva, ou seja, a capacidade de resposta a ações dos competidores, também demonstrou uma influência positiva neste processo, ainda que menor em comparação às anteriores.
Por outro lado, as dimensões de tomada de risco e proatividade não apresentaram significância estatística. Isso pode indicar que as PMEs em fase inicial priorizam respostas a estímulos externos em vez de assumir posturas proativas ou arriscadas em mercados internacionais.
O papel das redes internacionais
A coopetição — colaboração estratégica com competidores — se mostrou essencial para fortalecer a relação entre inovação e internacionalização precoce. O estudo revelou que as empresas que estabelecem redes com competidores conseguem desenvolver inovações que aceleram seu acesso a mercados externos. Em contrapartida, a colaboração com não-competidores, como fornecedores e clientes, não demonstrou impacto significativo sobre as dimensões da Orientação Empreendedora Internacional.
O estudo reforça que PMEs devem investir em culturas organizacionais baseadas em inovação, autonomia, agressividade competitiva e coopetição para alcançar a internacionalização já em seus estágios iniciais de operação. Parcerias estratégicas com competidores podem amplificar o impacto da inovação, permitindo às empresas superar barreiras iniciais de mercado.
Por fim, essas descobertas fornecem insights para gestores de PMEs e formuladores de políticas, destacando a importância de redes internacionais como ativos estratégicos para empresas que buscam competir em um cenário global.
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