A internacionalização de Pequenas e Médias Empresas (PMEs) é um desafio significativo, especialmente em economias emergentes. A falta de recursos e a concorrência acirrada dificultam a inserção dessas empresas no mercado global. No entanto, a coopetição, estratégia que mescla cooperação e competição entre empresas, tem se mostrado uma solução eficaz para superar esses obstáculos. Um estudo publicado no Journal of Marketing Theory and Practice, conduzido por Luciana Vieira (FGV EAESP) e seus colaboradores Jefferson Monticelli, Ivan Garrido e Jorge Verschoore, explora o papel dos Agentes de Instituições Formais (AIFs) na promoção da coopetição e da internacionalização das PMEs brasileiras.
Os pesquisadores adotaram uma abordagem qualitativa, realizando 21 entrevistas com representantes de PMEs, AIFs e especialistas do setor. Foram analisadas três indústrias brasileiras da área de tecnologia da informação, calçados e vinhos para entender como as estratégias de coopetição variam entre os setores. A pesquisa utilizou estudos de caso e análise de dados para identificar padrões e avaliar o impacto dos AIFs na internacionalização dessas empresas.
Os agentes de instituição formal são organizações ou entidades, como governos, bancos e agências reguladoras. Eles estabelecem e aplicam regras, normas e políticas que influenciam o ambiente de negócios. Portanto, eles desempenham um papel essencial na criação de estabilidade e previsibilidade para as empresas, facilitando ou restringindo sua atuação em diferentes mercados.
Os resultados indicam que os AIFs desempenham papéis distintos conforme o nível de maturidade da indústria no processo de internacionalização.
No setor de vinhos, por exemplo, a coopetição já está consolidada, com os agentes incentivando a competição no mercado interno enquanto promovem a colaboração no exterior. No setor de calçados, que enfrenta desafios estruturais, esses agentes atuam de forma mais prescritiva, ajudando as empresas a reduzir custos de transação e ganhar competitividade internacional. Já no setor de tecnologia da informação, a coopetição ainda está em estágio inicial, com AIFs buscando criar redes de aprendizado e colaboração para impulsionar a internacionalização.
Além disso, a pesquisa destaca a importância das instituições formais na construção de um ambiente propício para a coopetição e internacionalização das PMEs. Ao atuar como facilitadores, os agentes dessas instituições ajudam a mitigar incertezas do mercado global, promovendo a criação de redes estratégicas e aumentando a competitividade das empresas nacionais.
No entanto, para que essas empresas alcancem sucesso internacional, é essencial que elas possuam recursos organizacionais adequados e participem ativamente das iniciativas institucionais. Por fim, o estudo reforça a necessidade de políticas públicas adaptadas às especificidades de cada setor. Isso garante um suporte eficiente para a internacionalização das PMEs brasileiras.
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