Ao observar como o grande crescimento nos investimentos em fundos de ações indexados afetou a gestão de fundos ativos em 32 países, um artigo de autoria dos pesquisadores Livia Mendes Carneiro, William Eid Junior e Claudia Emiko Yoshinaga, da FGV EAESP, publicado na Global Finance Journal, mostra que a crescente competição de fundos passivos não fez com que os fundos ativos reduzissem suas taxas de administração, nem buscassem aumentar a diferenciação de seus produtos divergindo mais de seus benchmarks. Na verdade, com o aumento da competição trazida pelo crescimento dos fundos passivos, os fundos ativos aumentaram suas taxas e reduziram sua atividade.
“Nossos resultados sugerem que a demanda dos investidores por fundos de investimento tem um segmento insensível ao preço e que as empresas de gestão de ativos podem criar fundos passivos que capturam clientes mais sensíveis a preços, continuando a reter clientes insensíveis ao preço dentro de sua plataforma de fundos ativos”, analisa Carneiro.
De acordo com os pesquisadores, a descoberta feita durante a pesquisa que é descrita no artigo sugere que fundos indexados e ativos podem coexistir e atrair clientelas distintas. Dessa forma as gestoras de recursos poderiam se aproveitar de diferentes tipos de clientes para criarem novos produtos. Da mesma forma, os investidores também se beneficiarem de uma maior diversidade de produtos disponíveis na alocação de seus investimentos.
A pesquisa, realizada com apoio da FGV EAESP Pesquisa e do Centro de Estudos em Finanças (FGVcef), se concentrou exclusivamente em fundos mútuos de ações e ETFs de 32 países com dados disponíveis na plataforma Reuters-Lipper para o período de 2002 a 2018. Para cada fundo da amostra, foram coletados uma série de dados na plataforma que, com o uso de métodos estatísticos e tendo em vista os principais estudos na literatura sobre o tema, permitiram chegar aos resultados apresentados. O artigo pode ser conferido na íntegra aqui.