Para garantir um ambiente de trabalho mais democrático e adaptado aos desafios globais, empresas devem realizar mudanças estratégicas na gestão de recursos humanos (RH). As práticas atuais – que levam em consideração lideranças centralizadas e avaliações pessoais de performance, por exemplo – contribuem para o individualismo e impedem conquistas mais colaborativas. Para contornar a situação, é preciso repensar a forma como as práticas organizacionais são desenhadas e implementadas, priorizando mecanismos que geram mais cooperação e coletividade entre a organização e seus membros.
A reflexão está em artigo publicado pelo pesquisador da FGV EAESP Renato Souza na revista “Scandinavian Journal of Management”. No estudo, o autor analisa as práticas de gestão de recursos humanos utilizadas atualmente no mundo corporativo e seus impactos para o desenvolvimento de um ambiente mais participativo e sustentável, além de sugerir estratégias para ajustar as políticas às necessidades internas e externas às empresas.
Ambiente de trabalho deve se adaptar a desafios globais
De acordo com o autor, o contexto corporativo é complexo, incerto e dinâmico, e práticas de gestão de RH mais colaborativas e coletivas são essenciais para acompanhar grandes transformações globais, como a desigualdade e as mudanças climáticas, de forma sustentável e democrática – política conhecida como bem comum. Assim, a reformulação da liderança como um processo colaborativo entre os membros da organização é uma das principais estratégias que ajudam a alcançar esses objetivos, com a participação direta dos funcionários em processos de tomada de decisões e a designação de objetivos conjuntos, por exemplo.
Além disso, para atender ao bem comum, os sistemas de gestão e avaliação da performance de funcionários devem levar em consideração não só as características e comportamentos próprios de cada indivíduo, mas o suporte mútuo fornecido por cada membro da organização, as relações colaborativas, o trabalho em equipe e o desenvolvimento de metas coletivas e compartilhadas. Um exemplo é a disparidade salarial entre homens e mulheres, desafio que diz respeito ao bem comum e que pode ser pensado a partir de objetivos e perspectivas mais cooperativas no ambiente de trabalho, ressalta o autor.