A transparência das ações de patrocinadores é fator central para gestores que atuam no terceiro setor aceitarem apoio financeiros para seus projetos. Ao evitar financiamentos de fontes duvidosas, os gestores demonstram preocupação com a imagem de suas organizações, mesmo em cenário de escassez de recursos. É o que aponta artigo com participação do pesquisador da FGV EAESP Ely Laureano Paiva publicado na revista “Cadernos EBAPE.BR”.
Os pesquisadores realizaram um experimento com 92 gestores de Organizações da Sociedade Civil no Brasil para avaliar sua intenção de mobilizar recursos diante de duas variáveis: transparência e capital social. A primeira engloba os cenários de existência ou não de transparência nas ações do patrocinador, como a divulgação de demonstrativos contábeis e balanço social anual. A segunda variável considera o capital social, ou seja, a existência ou não de relacionamento prévio com o patrocinador.
Os pesquisadores verificam que o capital social não é determinante para a propensão de captar recursos. No entanto, já ter sido contemplado pelo financiador incrementa o efeito da variável transparência. Ou seja, a maior intenção de mobilizar recursos é verificada em um cenário com existência de transparência e de capital social.
O estudo sinaliza os limites do capital social ao verificar que laços anteriores não amenizam a falta de transparência dos patrocinadores, segundo a visão dos gestores. “Com a realização desta pesquisa, foi possível observar que os gestores não estão dispostos a manchar a reputação da organização, nem sua reputação profissional aceitando recursos de um patrocinador com suspeitas de não agir de forma transparente”, observa o artigo.