No cenário atual da gestão de operações e cadeias de suprimentos (OSCM), empresas enfrentam desafios cada vez mais complexos, como crises econômicas, pandemias e incertezas geopolíticas. Esses fatores têm incentivado um movimento de “desglobalização”, com muitas empresas optando por integrar suas operações internamente, em uma estratégia conhecida como integração vertical. Portanto, essa abordagem visa garantir maior controle sobre a cadeia de valor, aumentando a resiliência organizacional e a competitividade em um ambiente incerto.
A pesquisa foi conduzida por Ely Laureano Paiva e Raul Beal Partyka e publicada na RAUSP Management Journal. O estudo utilizou uma revisão sistemática da literatura, coletando mais de 170 artigos do campo OSCM das bases de dados Scopus e Web of Science. O objetivo foi identificar lacunas no conhecimento sobre integração vertical e propor novas direções de pesquisa para gestão de operações e cadeias de suprimentos.
Os resultados mostraram que não há um fator isolado que determine a viabilidade da integração vertical.
A decisão de internalizar operações deve levar em consideração não apenas os custos de produção, mas também os custos de governança e transação. A combinação dessas perspectivas ajuda as empresas a desenvolverem suas capacidades e enfrentarem melhor as incertezas de mercado. Além disso, a integração vertical nas etapas finais da cadeia permite que a empresa tenha maior controle sobre os preços de varejo e se aproxime dos clientes. Já a integração nas etapas iniciais assegura a qualidade dos materiais fornecidos, garantindo produtos de melhor qualidade.
Outro ponto importante revelado pela pesquisa é que, em contextos de alta incerteza, como o atual, a terceirização pode ser menos eficaz. Assim, a integração vertical torna-se uma solução mais vantajosa. O estudo também destacou que a reconfiguração da cadeia de suprimentos é uma estratégia relevante para manter a eficiência e a competitividade a longo prazo.
Essa prática tem implicações significativas para gerentes de operações, que devem avaliar cuidadosamente a reconfiguração de suas cadeias de suprimentos em tempos de crise. Além disso, formuladores de políticas e agências reguladoras desempenham um papel essencial em facilitar essa reconfiguração, oferecendo suporte estratégico para adoção de práticas mais verticalizadas. Socialmente, a integração vertical torna as empresas mais resilientes, uma vantagem crucial em um ambiente global caracterizado por desafios constantes.
O estudo reforça a importância da integração vertical como uma estratégia fundamental para empresas que buscam aumentar sua competitividade e resiliência. Embora não haja uma única abordagem aplicável a todas as empresas, a combinação de fatores como custos, governança e desenvolvimento de competências é essencial para o sucesso da integração. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de mais estudos empíricos para entender melhor os efeitos dessa estratégia em diferentes indústrias e contextos econômicos.
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