A forma como profissionais do campo da enfermagem enxergam seu trabalho está ligada, principalmente, a fatores subjetivos a cada trabalhador. Apesar da importância de aspectos objetivos, como remuneração e condições de trabalho, elementos intrínsecos à atuação de um profisisonal da saúde apresentam grande contribuição para seu bem-estar no trabalho. É o caso das relações pessoais e da dimensão social da atividade, por exemplo. A análise está em artigo publicado pelo pesquisador da FGV EAESP Anderson de Souza Sant’Anna, em colaboração com as pesquisadoras Karynne Prado e Daniela Martins Diniz, na Revista “Psicologia: Organizações & Trabalho” (rPOT).
Para investigar a percepção de trabalhadores da enfermagem sobre sua ocupação, os autores entrevistaram cinco enfermeiros que atuam em uma cidade do interior de Minas Gerais, sobre sua relação com o trabalho. A coleta de dados ocorreu em novembro de 2018. Os participantes contemplam diferentes trajetórias profissionais da área: docência, administração, atuação no setor público de saúde e atividade autônoma ou empresarial.
Profissional da saúde preza pela boa convivência com colegas e pacientes
A pesquisa aponta um consenso entre os entrevistados de que suas funções produzem resultados que beneficiam o restante da sociedade, como o cuidado pessoal e a formação de novos profissionais, bem como permitem a oportunidade de desenvolvimento individual – desde a troca de experiências com colegas e pacientes até o gerenciamento de equipes. A maioria também relata que autonomia para a tomada de decisões e uma boa convivência com os colegas de trabalho são aspectos fundamentais para o exercício da enfermagem. Os participantes concordam que essas características favorecem positivamente a forma como enxergam seu trabalho.
Por outro lado, parte dos entrevistados aponta que a ausência de feedback positivo, privilégios desiguais e assédio moral são fatores que contribuem negativamente para o sentido que atribuem a seu trabalho. Segundo os autores, os resultados da pesquisa podem ser utilizados para embasar políticas de trabalho que priorizem os aspectos positivos mencionados pelos enfermeiros. Como próximos passos, os pesquisadores sugerem a elaboração de estudos quantitativos que permitam mensurar o percentual de importância de cada fator no bem-estar dos profissionais e possíveis correlações entre eles.