Lançado em 2020 pelo Banco Central, o Pix rapidamente se consolidou como o principal meio de pagamento digital do país. Em 2024, mais de 150 milhões de brasileiros já haviam realizado pelo menos uma transação por meio da plataforma. Dessa forma, o pix superou o dinheiro como principal forma de pagamento. Para entender melhor os padrões de uso do Pix no território nacional, pesquisadores do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVCemif) da FGV EAESP conduziram um estudo inédito intitulado “Geografia do Pix: Análise descritiva das Transações Pix por Município no ano de 2024”.
O estudo foi conduzido pelos pesquisadores Fabricio M. Trevisan, Lauro Gonzalez, Eduardo H. Diniz e Adrian Cernev, da FGV EAESP, e utilizou dados das Estatísticas do Pix por Município de 2024, disponibilizadas pelo Banco Central do Brasil. Além disso, os pesquisadores cruzaram essas informações com os dados do Censo Demográfico de 2022, do IBGE. A análise focou em transações feitas por pessoas físicas. Isso permitiu calcular indicadores de adesão, frequência de uso e valor médio das transações em diferentes estados e municípios.
O levantamento revelou que a adesão ao Pix já ultrapassa 60% da população brasileira, sendo que o Distrito Federal apresenta a maior taxa de uso (77%) e o Piauí a menor (54,7%).
Apesar de estados mais ricos, como São Paulo e Rio de Janeiro, apresentarem alta adesão, algumas regiões menos desenvolvidas, como Amapá e Roraima, também demonstraram forte engajamento com a ferramenta.
Em relação à frequência de uso, os brasileiros realizam, em média, uma transação por mês via Pix, com variações significativas entre os estados. Os amazonenses foram os que mais utilizaram o sistema (48 transações mensais por usuário), enquanto os catarinenses foram os que menos utilizaram (25 transações mensais). Esse dado sugere que, nas regiões de menor renda, o Pix é usado com mais frequência para transações cotidianas.
Já o valor médio das transações reflete o nível de renda dos usuários. Enquanto estados do Sul e Sudeste apresentam valores médios superiores a R$ 220, estados do Norte e Nordeste registram valores mais baixos, como R$ 119 no Amazonas e R$ 129 no Amapá.
O impacto do Pix e desafios futuros
Além disso, o estudo também destacou casos atípicos, como o município de Pacaraima (RR). Lá, o número de usuários cadastrados no Pix é cinco vezes maior do que a população registrada no Censo. Isso pode ocorrer, possivelmente, devido ao fluxo migratório na região fronteiriça com a Venezuela.
Segundo os pesquisadores, o modelo de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central pode servir de referência internacional para outros países que buscam soluções eficientes para a digitalização dos meios de pagamento. Além disso, o estudo aponta que o Pix tende a expandir suas funcionalidades, incluindo operações de crédito, saque e transações internacionais. No entanto, desafios como fraudes e segurança digital precisam de constante monitoração para garantir a confiança dos usuários.
A pesquisa reforça o papel do Pix como um elemento central na inclusão financeira do Brasil e demonstra como sua adoção varia conforme as condições socioeconômicas e regionais do país.
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