O artigo científico “The pursuit of perfect control and ultimate outreach: social fintech platforms, microcredit agents and surveillance”, de autoria de Erica Siqueira, que defendeu seu doutorado na FGV EAESP em 2020, e dos professores da casa Eduardo Diniz e Marlei Pozzebon recebeu o prêmio Kauffman Best Paper no International Conference on Information Systems (ICIS) 2020, principal congresso internacional de sistemas de informação. Esta é a primeira vez que uma instituição brasileira tem autores premiados como melhor artigo no ICIS.
O objetivo da premiação é identificar pesquisas inovadoras sobre sistemas de informação que sejam relevantes para o contexto do empreendedorismo, especialmente as que apresentam implicações práticas diretas e que abordam problemas econômicos e/ou sociais urgentes. “É uma honra levar o nome da EAESP a esta premiação histórica para toda a academia brasileira, em particular para o campo de sistemas de informação”, comemora Diniz.
No artigo, os autores investigam o caso de uma plataforma de microcrédito que oferece serviços financeiros em uma região empobrecida do Brasil. “Verificamos como a intermediação de agentes humanos de microcrédito é essencial para criar massa crítica que garanta engajamento de clientes potenciais. Nós analisamos criticamente o papel desses agentes e mostramos como eles são usados tanto para disseminar o microcrédito a microempreendedores normalmente excluídos do sistema financeiro tradicional como também para conectar esses microempreendedores a algoritmos que os monitoram continuamente”, comenta Diniz.
De acordo com o pesquisador, o conceito de inclusão financeira está costumeiramente associado aos seus aspectos positivos, particularmente às suas contribuições para os objetivos de desenvolvimento sustentável. “Entretanto, características pouco estudadas de plataformas digitais para inclusão financeira mostram outros aspectos não tão positivos, como a possibilidade de monitoramento constante dos usuários que são beneficiados com oferta de crédito, por exemplo”. Diniz relata que esses elementos de vigilância das plataformas digitais já vinham sendo explorados por Shoshana Zuboff, professora da Universidade de Harvard, em seu livro “The Age of Surveillance Capitalism” (Profile Book, 2019). “Entretanto, Zuboff foca apenas nas chamadas big techs — grandes empresas de tecnologia como Google, Facebook, Amazon e Apple — e não se aprofunda em outros tipos de plataforma digital, particularmente aquelas focadas em ‘agendas positivas’, como a inclusão financeira, por exemplo”, explica.
O artigo está disponível para assinantes na página da Association for Information Systems (AIS), clique abaixo e confira: