Uma organização sem fins lucrativos que promove cursos de programação para mulheres de baixa renda contribui para reduzir a desigualdade de gênero no mercado de tecnologia brasileiro. Entre 118 alunas e ex-alunas, 32,2% nunca haviam feito qualquer capacitação em informática e 75,4% nunca haviam trabalhado na área, mas 97,5% pretendem seguir carreira em tecnologia.
Em artigo publicado na revista “Estudos Feministas”, a pesquisadora da FGV EAESP Silvia Rodrigues Follador realiza um estudo de caso da iniciativa {reprograma}, uma startup social que atua desde 2015 em São Paulo. Após revisão bibliográfica sobre o tema, a autora aplicou questionários respondidos anonimamente por mulheres que já participaram das atividades oferecidas pela {reprograma}.
O machismo e o preconceito de gênero são mencionados por 65,3% das respondentes como o principal entrave para a maior participação de mulheres no setor. Por outro lado, a frequência de palavras como “capacitação”, “incentivo”, “oportunidades” e “gênero” nas respostas abertas evidencia a importância que as respondentes reconhecem em iniciativas como a {reprograma} para a inclusão no setor.
Após a formação, 55,1% das mulheres dizem que se sentem “preparadas” e 27,1% se sentem “muito preparadas” para a atuação profissional como programadoras. Quase todas (99,2%) as respondentes destacam como “muito importante” o fato de o projeto ser tocado por mulheres.
Assegurar a interseccionalidade da iniciativa, ou seja, articular elementos de raça, classe, gênero e sexualidade, é um dos desafios destacados pela pesquisa. Quase 70% das respondentes se autodeclaram brancas, o que aponta para a necessidade de esforços para garantir a diversidade étnico-racial das participantes.