As metodologias ativas de aprendizagem, baseadas no estudo prévio sobre os tópicos a serem abordados na aula seguinte, buscam incentivar a participação e a autonomia dos estudantes. Porém, a pouca familiaridade dos estudantes com a proposta e a falta de condições estruturais adequadas nas universidades podem tornar a experiência mal sucedida. O alerta está em artigo dos pesquisadores da FGV EAESP Pablo Leão, Caio Coelho, Carla Campana e Marina Henriques Viotto publicado na “Revista de Gestão”.
O trabalho apresenta um estudo de caso sobre a aplicação do método conhecido como “sala de aula invertida” em duas turmas de uma disciplina de graduação em uma escola de negócios brasileira. Os dados analisados correspondem ao primeiro semestre de 2015 e foram colhidos na ementa da disciplina, em formulários de avaliação e nas duas rodadas de entrevistas com estudantes e o professor ministrante.
As duas turmas que desenvolveram a experiência da metodologia ativa eram compostas por aproximadamente 45 pessoas cada. O conteúdo a ser consultado previamente pelos estudantes compreendia capítulos de livros didáticos, vídeos online, tutoriais e listas de exercícios. O tempo de aula era dedicado à realização de exercícios em grupo com auxílio do professor quando necessário.
Segundo o artigo, a estrutura da disciplina surpreendeu os alunos, que estavam acostumados à tradicional aula expositiva e baseada em atividades e avaliações individuais. Assistindo a várias disciplinas simultaneamente, os estudantes também relataram que a falta de tempo para se prepararem para a aula prejudicou a experiência. Outra lacuna citada foi a tecnológica: a carga de trabalho era aumentada pela necessidade de aprender a lidar com ferramentas tecnológicas específicas, muitas das quais não eram compatíveis com os equipamentos individuais dos estudantes.
Portanto, a implementação dessa metodologia precisa considerar a formação dos alunos para criar um ambiente psicologicamente seguro para o processo de aprendizagem, apontam os autores. Também é necessário que as instituições de ensino qualifiquem seus professores e preparem suas estruturas para oferecer metodologias ativas, completa o artigo.