Em meio à crescente dificuldade em despertar o interesse dos alunos em sala de aula, uma dinâmica inovadora de ensino surge como alternativa aos métodos tradicionais e traz maior engajamento dos estudantes com o aprendizado. Baseada na integração de três diferentes metodologias ativas, o sistema – que combina atividades extraclasse, práticas coletivas e projetos de longa duração – oferece um ambiente de maior participação dos alunos com o conteúdo e entre si, permitindo o desenvolvimento de importantes habilidades profissionais e acadêmicas.
A análise está em artigo publicado pelos pesquisadores da FGV EAESP, Henrique de Campos Junior e Francine Zanin Bagatini, na revista “GVcasos”. O estudo foi feito a partir da aplicação das metodologias em quatro disciplinas de Marketing do curso de graduação em Administração de Empresas. A ideia, segundo os autores, era entender o impacto da utilização das três técnicas, em conjunto, no processo educativo.
A dinâmica abordada na pesquisa é composta, primeiramente, pelo microlearning, técnica em que os alunos entram em contato previamente com breves conteúdos online relacionados à aula. Em conjunto, utilizam-se a aprendizagem colaborativa, que se baseia na resolução de atividades em grupo no momento da aula e a aprendizagem baseada em projetos, que tem como objetivo inserir os estudantes em cenários de conflito reais encontrados em grandes empresas do mercado de trabalho. Esses mecanismos permitem com que os alunos trabalhem características como responsabilidade, disciplina e comunicação, além de garantir a aplicação prática do conteúdo teórico das aulas e a preparação para o mercado de trabalho.
Metodologias ativas de aprendizagem melhoram desempenho de alunos
De acordo com os autores, as estratégias, quando implementadas simultaneamente, são responsáveis por contribuir para a aplicação e potencializar os benefícios educativos umas das outras. A pesquisa revela, por exemplo, que a integração dos três métodos durante o semestre foi responsável por um aumento de meio ponto na média final dos alunos, em comparação à mesma disciplina do ano anterior, ministrada a partir de métodos tradicionais. A prática também foi recebida de forma positiva pelos estudantes – uma taxa de quatro em cada cinco estudantes engajaram com os conteúdos do microlearning durante as disciplinas.
Os autores apontam, ainda, o potencial de aprimoramento do método. Os dados gerados pelo microlearning, por exemplo, que ocorre em ambiente digital, podem ser utilizados por inteligência artificial para gerar recomendações de conteúdo ou indicar lacunas de conhecimento para cada estudante. Por último, os autores ainda destacam que a metodologia pode ser facilmente replicada em anos seguintes ou, ainda, adaptada a outras áreas do conhecimento.