Além do preconceito de gênero, executivas com mais de 40 anos sofrem com a desvalorização de seus corpos envelhecidos no mundo corporativo. Somada a pressão estética, essas mulheres sofrem também com as mudanças funcionais do corpo a partir da menopausa, como cansaço, lentidão e dores.
Estas são as constatações de estudo das pesquisadoras da FGV EAESP Renata Assis Vieira e Vanessa Martines Cepellos publicado recentemente na revista “Organizações e Sociedade”. As autoras realizaram 20 entrevistas com mulheres com 40 anos ou mais que atuam em organizações brasileiras dos mais diversos segmentos de mercado.
Apesar do envelhecimento da força de trabalho ser uma realidade por conta do aumento da expectativa de vida da população, a imagem da mulher mais velha é associada a algo negativo, uma vez que corpo executivo ideal é jovem e magro. O fato de haver poucas mulheres executivas no topo das organizações, ambientes considerados masculinos, contribui para que os corpos desviantes se mantenham deslocados nas relações sociais.
Empresas devem formar equipes intergeracionais para aproveitar a experiência de mulheres mais velhas no mercado de trabalho
Portanto, a pressão social motiva a preocupação dessas profissionais com a aparência, pois as organizações ainda tendem a considerar o corpo mais velho como menos relevante e obsoleto. A possibilidade de minimizar efeitos do envelhecimento, no entanto, é um privilégio, visto que as executivas entrevistadas são predominantemente brancas e de classe social privilegiada.
As entrevistadas também relataram a dificuldade de recolocação profissional à medida em que a idade avança. Para contornar o problema, as organizações deveriam incentivar a formação de equipes intergeracionais, combinando a experiência dos mais velhos com a facilidade dos mais jovens em compreender os avanços tecnológicos, apontam as pesquisadoras.