Inspiradas pela tradição de pesquisa sul-americana conhecida como “tecnologia social”, as autoras deste artigo propõem um modelo operacional que permite melhor entender os mecanismos que permitem promover a transformação social.
Para ilustrar o potencial do modelo proposto, a pesquisa aplica o framework criado em uma organização sem fins lucrativos canadense, a Parole d’excluEs, criada na cidade de Montreal em 2006 para promover a mobilização social e o comprometimento coletivo com a transformação social.
“Nosso artigo teórico acompanha uma ilustração empírica como um primeiro passo para a reflexão do uso de lentes teóricas mais comuns no hemisfério Sul em experiências de inovação social do hemisfério Norte”, explicam as autoras, reforçando que esse movimento permite avançar o conhecimento atual sobre os mecanismos de transformação social.
A pesquisa foi realizada de maneira colaborativa com os participantes do Parole d’exclues, partindo da premissa que o conhecimento pode ser produzido junto com as pessoas do campo, e não apenas sobre elas. “O conhecimento popular/cidadão, que vem da prática e das reflexões das pessoas, é tão importante quanto o conhecimento teórico/científico”, frisa Marlei Pozzebon, pesquisadora da FGV EAESP e uma das autoras do artigo.
O modelo elaborado em parceria com a organização canadense foi utilizado como uma ferramenta de compreensão e reaplicação do modelo de ação em outros contextos, e segundo as autoras o modelo poderá ser utilizado por outros projetos e programas de inovação social, tanto no Brasil e na América Latina como em outros contextos internacionais.
“O impacto central da aplicação de um modelo operante de tecnologia social é não somente permitir a documentação e compreensão das ações que levam a uma transformação social, como também facilitar o processo de reaplicação desta ‘tecnologia social’ em outros contextos”, destaca Pozzebon. Além disso, a pesquisadora ressalta que disseminação do conceito de tecnologia social leva a uma reflexão sobre o potencial da economia solidária como uma alternativa concreta de transformação social, sobretudo de luta contra as desigualdades e exclusão.
Confira o modelo proposto pelas pesquisadoras e o artigo na íntegra no Voluntas, periódico oficial da Sociedade Internacional para Pesquisas do Terceiro Setor (International Society for Third-Sector Research, ISTR).