O professor da FGV EAESP, Luiz Carlos Bresser-Pereira, lançou atualizações na construção dos passos para o Novo Desenvolvimentismo em artigo publicado na Brazilian Journal of Political Economy. A teoria vem sendo fundamentada pelo professor desde 2008 e ele é o mais destacado líder nesta área. Desta vez, ele se concentrou em apresentar novas formas de neutralizar a doença holandesa, introduzindo o conceito de doença holandesa estendida nas políticas de conta corrente e propondo maneiras de combatê-la. Essa atualização é considerada inovadora e pode servir de base para o desenvolvimento de novas políticas econômicas.
A Nova Teoria do Desenvolvimentismo (NDT), ou Novo Desenvolvimentismo, expande a compreensão convencional de que a taxa de câmbio é determinada pelo mercado, destacando a importância da política de conta corrente adotada pelo país e sua influência nesta taxa. Bresser-Pereira exemplifica o caso do Brasil, onde o equilíbrio industrial, o equilíbrio atual e o equilíbrio do déficit em conta corrente são elementos essenciais para compreender a dinâmica da economia. Ele explica que o equilíbrio atual é o mais geral, aquele que equilibra transitoriamente a conta corrente. O equilíbrio industrial existe em países exportadores de commodities que sofrem da doença holandesa. E o equilíbrio com déficit em conta corrente é um “equilíbrio” perverso, que corresponde ao “equilíbrio fundamental” ortodoxo.
Em seu mais novo artigo, o professor propõe a adoção de uma abordagem de “doença holandesa expandida” para melhor lidar com esses equilíbrios e suas consequências. Portanto, a doença holandesa é igual à diferença entre o equilíbrio industrial e o equilíbrio atual, enquanto a doença holandesa expandida é a diferença entre o equilíbrio industrial e o equilíbrio com déficit em conta corrente. Porém, quando o país adota uma política de crescimento com déficit em conta corrente e a implementa, temos uma desvantagem competitiva mais severa para a indústria manufatureira. O que o professor Bresser-Pereira propõe no artigo é chamá-la de “doença holandesa expandida”.
No artigo, o professor desenvolve que a neutralização da doença holandesa ocorre em duas etapas. Primeiro, é necessário abandonar a política de crescimento com déficit em conta corrente, o que implica na redução dos gastos públicos e na taxação do consumo de luxo. Essa política permitiria que a economia equilibrasse sua conta corrente. Em seguida, é preciso mover a taxa de câmbio do equilíbrio atual para o equilíbrio industrial e são apresentadas duas possibilidades, incluindo uma reforma tarifária para estabelecer dois regimes tarifários distintos. Essas medidas visam equilibrar a competitividade da indústria nacional no mercado interno e externo, neutralizando os efeitos da doença holandesa e promovendo o desenvolvimento econômico sustentável.
Segundo o autor, esta é a política que neutralizará a doença holandesa para o mercado interno. Ela tornará as empresas no Brasil (nacionais ou multinacionais) competitivas internamente. Bresser-Pereira ainda completa que para as empresas tornarem-se competitivas para exportar, será necessário criar um subsídio, também variável, que seguirá as mesmas regras das tarifas.