Empresas de setores não poluidores apresentam maior postura proativa para a implementação de práticas sustentáveis. Já empresas potencialmente poluidoras têm mais afinidade com a postura reativa, pois o compartilhamento de informações é realizado para mitigação de danos. A conclusão é de artigo que mede o nível de disclosure ambiental das empresas, ou seja, a divulgação voluntária de informações não financeiras, realizada principalmente em áreas como meio ambiente, gênero e direitos humanos. Com participação da pesquisadora da FGV EAESP Edilene Santana Santos, o trabalho está publicado na “Revista de Administração de Empresas” (RAE).
São analisadas as 107 empresas brasileiras não financeiras avaliadas pelo Environmental Disclosure Score (EDS) entre 2010 e 2018. O EDS compõe o índice da Bloomberg que avalia o desempenho ESG das empresas a partir do grau de divulgação de informações sobre gestão ambiental.
Os dados são confrontados com duas variáveis principais: a participação da empresa no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), medido pela bolsa de valores brasileira (B3), e a materialidade das provisões ambientais, número mensurado pela relação entre o balanço patrimonial da empresa e a obrigação ambiental reconhecida pela empresa em um mesmo ano. Os autores também avaliam se as empresas pertencem ou não a setores ambientalmente sensíveis, como mineração, óleo e gás – estas representam 43% das observações.
Como resultado, o artigo associa significativamente as empresas não poluidoras à adesão ao ISE, o que representa uma postura proativa da organização. Tal estratégia encontra respaldo na teoria da imagem ou reputação, em que a divulgação é um elemento de interação com a sociedade e cria valor para empresa, conforme ressaltam os autores.
Já empresas potencialmente poluidoras aparecem mais associadas à variável das provisões ambientais. Elas apresentam postura reativa ou defensiva, agindo em resposta a problemas socioambientais para reverter a percepção negativa do público, como prevê a teoria da legitimação. Desta forma, aponta o artigo, teorias antagônicas explicam contextos distintos de disclosure ambiental.