Diante das mudanças no mundo do trabalho, os programas de renda básica (RB) têm ganhado destaque como uma solução para enfrentar desigualdades sociais e melhorar a equidade econômica. Esses programas oferecem transferências monetárias regulares a populações de baixa renda, muitas vezes sem a exigência de contrapartidas, proporcionando maior flexibilidade do que políticas tradicionais. Apesar de durante a pandemia a relevância da RB ter sido amplificada, a implementação eficaz continua sendo um desafio central.
Assim, os pesquisadores da FGV EAESP Evan Michael Berman, Lauro Gonzalez, Eduardo Henrique Diniz e Mario Aquino Alves publicaram uma pesquisa na Public Administration Review. O estudo analisou experiências práticas de programas de RB em diversos países, identificando as principais questões de implementação e propondo soluções baseadas em evidências.
Desafios e Fronteiras na Implementação de Programas de Renda Garantida
Os pesquisadores identificaram seis categorias principais de desafios para implementar programas de RG:
Quadro regulatório: A ausência de regulamentações claras pode dificultar a integração da RB com outros benefícios sociais existentes.
- Colaboração entre stakeholders: Governos locais e federais precisam cooperar para evitar fraudes e estabelecer critérios de elegibilidade eficazes.
- Gestão de dados: Sistemas integrados de coleta e análise de dados são cruciais para monitorar beneficiários e otimizar critérios de elegibilidade.
- Pagamentos digitais: A adoção de tecnologias digitais reduz custos e expande o alcance dos programas.
- Sustentabilidade financeira: Fontes de financiamento permanentes, como tributações específicas, são essenciais para a viabilidade a longo prazo.
- Apoio político: O engajamento do governo federal é vital para garantir suporte político e alocação de recursos.
Dessa forma, a pesquisa destaca que garantir a sustentabilidade financeira é um dos maiores desafios para a expansão da RG. Propostas como a tributação de bens de luxo e comércio eletrônico podem fornecer fontes de financiamento estáveis para esses programas. Além disso, soluções digitais para pagamentos e análise de dados fortalecem a eficiência operacional e a transparência.
Programas de RB oferecem um caminho promissor para reduzir desigualdades sociais, especialmente em contextos de trabalho informal e vulnerabilidade econômica. No entanto, sua expansão e eficácia dependem de avanços na governança pública, como maior colaboração vertical entre níveis de governo, gestão integrada de dados e estratégias de financiamento inovadoras.
Com base nas conclusões dos pesquisadores da FGV EAESP, é evidente que o futuro da RB e as transferências de renda requer uma abordagem multifacetada. Portanto, é preciso combinar inovação tecnológica, governança eficiente e apoio político para atender às necessidades crescentes das populações de baixa renda.
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