A corrupção pode prejudicar o acesso de pequenas e médias empresas ao financiamento, reduzindo os lucros, aumentando a demanda de crédito, aumentando as chances de falência, criando incerteza sobre o lucro futuro da empresa e exacerbando o problema de informação assimétrica entre tomadores e credores.
Essas foram as descobertas feitas por uma pesquisa que analisou o impacto da corrupção burocrática no acesso ao financiamento de pequenas e médias empresas em 114 países em desenvolvimento.
Os autores deste artigo, entre os quais está o professor da FGV EAESP Victor Motta, revelaram que resultados que mostram um grande efeito adverso de maior corrupção no acesso de pequenas e médias empresas ao financiamento.
“Um aumento na corrupção do menor para o maior valor aumenta a probabilidade de pequenas e médias empresas serem financeiramente restringidas de 6,9 para 10,9 pontos percentuais”, apontam os autores.
A análise revelou também várias heterogeneidades na relação corrupção-finanças. Por exemplo, o efeito adverso da corrupção no acesso ao financiamento é muito menor em países onde as instituições financeiras protegem os direitos dos tomadores de empréstimos e os credores são mais fortes, as leis fornecem melhores informações de crédito e existem agências de crédito.
O artigo argumenta que essas disparidades derivam das formas específicas em que a corrupção impacta o acesso ao financiamento.
Outras disparidades descobertas sugerem que a corrupção é mais prejudicial às empresas do que, na ausência da corrupção, são conhecidos por desfrutar de melhor acesso ao financiamento, como empresas pertencentes a homens versus mulheres, empresas relativamente grandes e empresas de melhor desempenho.
“Os resultados têm implicações políticas importantes para o crescimento de pequenas e médias empresas no mundo em desenvolvimento”, frisam os autores.