A corrupção é um desafio global, afetando a confiança pública e a estabilidade econômica. No Brasil, a Operação Lava Jato destacou a corrupção em grandes empresas, como a Petrobrás. Isso gerou um impacto significativo não apenas nas organizações investigadas, mas também em todo o mercado. Essa pesquisa analisa se investigações de corrupção de alto escalão, como a Lava Jato, podem deter práticas corruptas em empresas não diretamente investigadas.
O estudo foi conduzido por André Aroldo Freitas De Moura, da FGV EAESP, em conjunto com Dirlei Da Silva Júnior e Samuel Tiras, e está disponível na Review of Quantitative Finance and Accounting. Utilizando uma revisão da literatura e análise de dados financeiros de empresas brasileiras listadas na B3, de 2010 a 2017, os pesquisadores analisaram o gerenciamento de lucros por atividades reais (REM) e o gerenciamento de lucros por escolhas contábeis (AEM). Portanto, eles compararam o comportamento dessas empresas antes e após o início da Lava Jato, focando em identificar mudanças na manipulação de relatórios financeiros.
A pesquisa encontrou que as empresas alvo das investigações da Lava Jato reduziram significativamente o gerenciamento de lucros por atividades reais (REM) após o lançamento das investigações.
Isso ocorreu porque, ao encerrar suas atividades corruptas, essas empresas também interromperam a manipulação contábil usada para encobrir a corrupção.
Surpreendentemente, empresas não investigadas, mas que estavam sob escrutínio público, como grandes corporações de capital aberto, também reduziram o REM. Essa mudança comportamental sugere que a ameaça de exposição pública é suficiente para deter práticas corruptas em empresas que percebem um risco das investigações lhe alcançarem.
Além disso, o estudo fornece evidências de que as investigações de corrupção podem ter um efeito de dissuasão em empresas não-alvo. Isso pode promover maior transparência e qualidade nos relatórios financeiros. A Teoria da Dissuasão, aplicada nesse contexto, demonstra que o medo da investigação leva empresas a ajustarem suas práticas. Assim, elas reduzem atividades de gerenciamento de lucros que poderiam mascarar a corrupção. Esses achados são de valia para reguladores e investidores, destacando a importância de investigações rigorosas no combate à corrupção em escala ampla.
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