Um estudo realizado pelo Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVcemif) da FGV EAESP analisou o impacto que um reajuste no valor do auxílio emergencial teria na compensação de renda trabalhadores brasileiros.
Tendo como base os dados da Pnac-Covid-19 divulgada pelo IBGE em julho e dezembro, comparada com as potenciais propostas do governo federal de oferecer um novo auxílio com parcelas de R$ 200 ou R$ 250, os pesquisadores da FGV EAESP chegaram a conclusão de que o menor valor proposto não seria suficiente para compensar as perdas de renda dos chamados “informais invisíveis” associadas a um cenário de recrudescimento da pandemia. Segundo a FGV, trabalhadores invisíveis são aqueles contemplados com o auxílio emergencial e que usualmente não recebem o Bolsa Família ou o benefício de prestação continuada. Já os trabalhadores informais correspondem aos que afirmaram trabalhar sem carteira assinada, trabalhadores autônomos e familiares auxiliares.
Em um recorte por estado, o valor de R$ 200 não compensará perdas dos “invisíveis informais” dos estados mais ricos do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em contrapartida, se o auxílio emergencial alcançar o valor de R$ 250, as perdas conseguirão ser repostas, com pequenos ganhos em relação à renda antes da pandemia.
“O auxílio emergencial é fundamental nesse momento onde a evolução da pandemia é desfavorável, com a configuração de uma segunda onda, e ainda diante da lentidão na implementação de plano nacional de imunização, sobretudo pela escassez de vacinas. Neste cenário, as políticas públicas são fundamentais para mitigar os efeitos da crise para a população mais vulnerável”, explica Lauro Gonzalez, coordenador do FGVcemif e um dos autores do estudo.
Os autores do estudo também ressaltam que há um grande contingente de trabalhadores na informalidade no momento, que são um reflexo das mudanças no mundo do trabalho que já aconteciam antes da pandemia. Diante disso, os pesquisadores sugerem que há uma necessidade de aprimorar as políticas de transferência de renda em caráter permanente.