A implementação de uma governança eficaz é essencial para que as cidades se tornem ‘inteligentes’, considerando a complexidade dos desafios urbanos e o envolvimento de diversos stakeholders. A governança urbana inteligente, habilitada por Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), promove uma colaboração estreita entre cidadãos e governos locais. A inteligência deve ser vista como um continuum no qual funcionários do governo local, cidadãos e outros interessados poderiam pensar e implementar iniciativas que tentam tornar uma cidade um lugar melhor para viver e trabalhar. Este novo modelo de governança é centrado na comunicação, interação, colaboração e participação na tomada de decisões, fortalecendo a democracia direta, aumentando o engajamento cidadão e promovendo transparência e abertura nas relações governamentais.
A pesquisadora da FGV EAESP, Maria Alexandra Cunha, em colaboração com Erico Przeybilovicz, investigou os novos modos de governança em cidades inteligentes, publicando um artigo na Government Information Quarterly. A pesquisa se baseou em dois estudos de caso qualitativos longitudinais: “Curitiba Colabora” em Curitiba e “Pátio Digital” em São Paulo.
Esses casos foram selecionados considerando a história urbana das cidades e os diferentes modos de governança percebidos, ambos caracterizados pelo uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e colaboração entre governo e atores sociais. Os dados foram coletados através de entrevistas, observações, documentos das iniciativas, leis e regulamentos, além de notícias e trabalhos acadêmicos sobre os casos. A pesquisa analisou a estrutura dos atores envolvidos, grupos formados, interações e escolhas relevantes para determinar as redes de interação sociotécnica e seus resultados.
A pesquisa destacou que a governança de plataformas e a governança urbana inteligente, caracterizadas como sistemas sociotécnicos, estão transformando os modelos tradicionais de governança nas cidades. Os resultados apontam para a configuração dinâmica de novos modos de governança em iniciativas de cidades inteligentes, que variam ao longo do tempo e entre diferentes projetos. Os estudos de caso de “Curitiba Colabora” e “Pátio Digital” mostraram que a governança participativa e colaborativa, impulsionada por Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), incentivou o desenvolvimento de projetos de cidade inteligente em parceria com a sociedade.
Dois modos emergentes de governança foram identificados: “Governança Inteligente para Inovação Baseada em Dados” e “Governança em Rede para Co-criação de Soluções Inteligentes”, que diferem em objetivos, papéis do governo e dos cidadãos, e na natureza das interações. A interação entre artefatos tecnológicos, entidades governamentais, atores sociais e os modos de governança existentes foi reconhecida como um processo dinâmico e fundamental para a emergência da governança urbana inteligente na era digital.
Leia o artigo na integra.