As burocracias subnacionais são as estruturas administrativas que operam no nível local ou regional dentro de um país, como os governos estaduais e municipais. Elas desempenham um papel crucial na implementação de políticas públicas no Brasil. O debate nacional sobre essas estruturas levanta, principalmente, questões sobre sua capacidade estatal. Por outro lado, conceitos relacionados à governança e inclusão social, presentes no cenário internacional, são pouco explorados no Brasil.
A análise está em estudo publicado pelos pesquisadores da FGV EAESP Eduardo Grin e Danilo Gonçalves no periódico “Cadernos Gestão Pública e Cidadania”. Para investigar as características e os desafios das burocracias subnacionais, os autores analisaram 2.929 artigos internacionais e 69 brasileiros sobre o funcionamento dessas estruturas.
Os resultados também indicam que o debate internacional está ligado à capacidade das burocracias subnacionais em implementar políticas públicas, bem como em promover a participação social e democrática nos processos de tomada de decisão. Outro ponto que se destaca é em relação à governança, com abordagem de questões sobre corrupção e compliance na gestão das políticas, por exemplo.
Brasil se destaca na oferta de políticas sociais, mas precisa incluir os cidadãos no processo de tomada de decisões
Além de destacar a capacidade administrativa, o debate nacional também aborda a burocracia de nível de rua, que se refere à entrega direta de políticas e serviços públicos aos cidadãos. Há um grande destaque para a implementação de políticas setoriais específicas, como nas áreas de saúde, habitação e assistência social. No entanto, os estudos ainda exploram pouco a governança e a participação democrática nos processos de tomada de decisões sobre as políticas.
O estudo também aponta os impactos da expansão das burocracias locais na gestão dos estados e municípios. Com a descentralização trazida pela Constituição Federal de 1988, houve um aumento significativo nas responsabilidades dos governos locais, especialmente na oferta de políticas de bem-estar social. Com isso, os municípios passaram a investir em um número maior de servidores, bem como no aumento de sua qualificação, para suprir as demandas por políticas públicas e serviços.
Por último, os pesquisadores sugerem novas direções para pesquisas futuras. Eles defendem que uma maior investigação sobre a profissionalização e a eficiência dos servidores públicos locais pode fornecer insights valiosos para melhorar a gestão pública no Brasil. Outras recomendações incluem entender como o funcionamento atual dessas estruturas impacta na implementação de políticas públicas e investigar as relações entre as esferas federal e local, por exemplo.
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