A inteligência geográfica, ou geoanalytics, envolve o estudo de componentes e variáveis de natureza espacial ou geográfica, que são capazes de explicar e traduzir fenômenos de ordem social, econômica ou ambiental. A partir de determinada estruturação espacial, um conjunto de dados pode revelar relações, estruturas, processos e insights.
Foi com base nesse conceito que o projeto “Uma visão estatística espacial da pandemia do Covid-19 na cidade de São Paulo”, do MBA “Big Data & Business Analytics”, do FGV Management, mapeou as variáveis relacionadas à mortalidade por Covid-19 na capital paulista. Artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, em 4 de janeiro de 2022, detalha o estudo, mostra o uso da inteligência geográfica desde o século XIX e aponta para a expansão de sua potencialidade no contexto hiper conectado, com abundância de dados e alto desenvolvimento tecnológico de hoje. O texto é de autoria de Lucas Alvim Bichara Costa, especialista em Business Analytics e Big Data pela FGV, e Eduardo de Rezende Francisco, professor de GeoAnalytics, chefe do Departamento de Tecnologia e Data Science da FGV EAESP e fundador do GisBI.
A partir da análise de 6 milhões de registros, 78 variáveis e informações obtidas de forma remota e colaborativa, os pesquisadores concluíram que regiões que possuem indicadores sociodemográficos como alta densidade populacional, altas transferências por transporte público, taxas elevadas de violência por racismo ou injúria racial e de óbitos femininos por causas maternas são expostas a maiores ocorrências de mortalidade por Covid-19.
Por outro lado, distritos onde a taxa de emprego formal é elevada, há mais moradores próximos de sistemas de transporte público de alta velocidade e o nível socioeconômico das escolas é mais alto podem apresentar um menor número de mortes pela doença. Essas evidências possibilitam a adoção de medidas e o desenvolvimento de políticas públicas para a mitigação da contaminação ou redução de danos.
Do uso de padrões geográficos para mapear mortes por cólera na Londres de 1854 à utilização de serviços e redes digitais e bases de dados georeferenciados de hoje, os autores discutem qual é o lugar da Inteligência Geográfica no futuro, em um mundo que segue em acelerada velocidade de mudança. Para isso, trazem o conceito de metaverso — mundo digital de imersão por realidade virtual, interconectado e pautado por engajamento social.
Segundo eles, as relações espaciais se manterão inerentes à natureza humana, quer sejam física ou virtualmente percebidas. “O futuro inaugurará a visão híbrida da Inteligência Geográfica, percebida de forma intercambiável no mundo físico e virtual pela humanidade.”