Quais características são inerentes a uma liderança democrática? Ainda que o processo de eleger tal líder seja lembrado com mais frequência, o pesquisador Marco Antonio Carvalho Teixeira, da FGV EAESP, argumenta em um artigo para a GV-executivo que existe uma série de outras características que precisam ser consideradas.
“Comporta também um conjunto de questões que tem a ver com saber respeitas as diferenças, preservar o direito à organização e manifestação (…), bem como valorizar a interlocução que os diferentes grupos devem ter junto às estruturas decisórias do Estado no que se refere às políticas públicas, à produção legislativa e, também, à proteção por parte dos sistemas de segurança e de justiça”, elenca.
A discussão tem se tornado relevante, segundo o pesquisador, porque há uma recente propagação da ideia de que basta haver uma eleição legítima para que o núcleo de poder de um governo possa tomar a decisão que julgar mais importante, como se o pleito tivesse ofertado tal autorização.
“Um governo nunca é eleito pelo conjunto da sociedade, mas sim por parte dela que confiou seu voto no candidato vencedor. Uma vez que toma posse, o chefe do Executivo passa a ser governante de todos, inclusive daqueles que votaram no candidato derrotado”, explica Teixeira.
O autor do artigo na GV-executivo também ressalta que o debate democrático foi e sempre será cercado pelo conflito de ideias, mas que um líder democrático precisa escutar o contraditório, se dispor a construir acordos e até mesmo mudar de posição em função dos debates que acompanha. “Só devemos ser intolerantes com quem não tolera os valores democráticos”, sintetiza.