No dia 1º de abril de 2025, a FGV realizou o terceiro workshop do projeto de pesquisa MNEDEVELOP (webpage e LinkedIn) que investiga a interação entre multinacionais europeias e comunidades vulnerabilizadas no Brasil e Colômbia.
Foram convidados os stakeholders de cerca de 60 entrevistas realizadas com empresas multinacionais (matrizes na Europa e subsidiárias no Brasil e na Colômbia), ONGs, lideranças comunitárias, empreendedores sociais, entre outros. Os representantes destas organizações e os pesquisadores do projeto conduziram uma rica troca de experiências e aprendizados.
Os resultados preliminares do estudo (com conclusão prevista para o início de 2027) revelaram os motivos, mecanismos e benefícios dessa interação para as multinacionais, comunidades vulnerabilizadas, parceiros e para a sociedade.
Motivos: regulação, legislação, Covid-19, estratégias globais de sustentabilidade, valores, missão, pressão externa e compromissos firmados em fóruns globais.
Mecanismos: doação, treinamento, editais, leis de incentivo, benefício fiscal e parcerias com ONGs.
Benefícios:
Multinacionais: Licença para operar, vantagem competitiva, reputação e branding.
Comunidades vulnerabilizadas: melhores salários, empregabilidade, capacitação em microempreendedorismo, empoderamento e autoestima.
Parceiros: relação de longo prazo, iniciativas personalizadas, constante fluxo de recursos e expansão de projetos.
Sociedade: redução nos índices de desigualdade e incentivo à reciclagem.
Contudo, os resultados preliminares também sugerem que as empresas ainda são, em sua maioria, reativas (ex: cumprimento de leis) e focadas em iniciativas de curto prazo (ex: filantropia). As empresas precisam integrar de forma duradoura, em suas atividades, as pessoas e os negócios de impacto de comunidades vulnerabilizadas. Para tanto, é necessário que as empresas redesenhem suas políticas de recursos humanos, de desenvolvimento de produtos, de logística e de contratação de produtos e serviços, de forma a proporcionar ganhos mútuos: para as comunidades e as empresas.
O estudo indica também que as boas intenções das empresas (inclusive com projetos aparentemente muito bem desenhados) nem sempre coincidem com as necessidades e expectativas expressadas pelas comunidades.
O projeto MNEDEVELOP foi iniciado em 2022 e conta com financiamento conjunto da FAPESP e do UKRI/ESRC e é conduzido pelos professores Jorge Carneiro (FGV), Pervez Ghauri (University of Birmingham, Reino Unido), Axèle Giroud (University of Manchester, Reino Unido), Maria Alejandra Gonzalez-Perez (Universidad EAFIT, Colômbia) e pelos pesquisadores sêniores Renan Oliveira (FGV) e Jayne Cathcart (University of Birmingham).